07/12/2013
Entrelinhas
eu queria saber
se você entendeu
alguma coisa
do que leu.
porque continua
porque continua
porque continua
porque continua
entrelinhas, amigo.
entre.
amigo, entre.
caso contrário,
todo verso é cova,
toda poesia é cemitério.
Eliano Silva
01/12/2013
20/10/2013
13/10/2013
Sinto Saudades
Sinto saudades
Quando te deixo,
Quando não vejo,
Quando não está
Com seus carinhos
E confusões.
Sinto saudades
No momento em que te beijo,
imaginando o momento em que
Nossos lábios se separarão.
(Eliano Silva)
04/10/2013
Deus não tem religião
http://www.stanleycolors.com/2013/09/imagine-john-lennon/ |
Muçulmanos, hindus,
Batizados, pagãos,
Católicos, judeus,
Protestantes ou não.
Pelo fim da guerra santa
Por Deus, sejamos ateus.
03/10/2013
02/10/2013
01/10/2013
30/09/2013
26/09/2013
18/09/2013
Rock In Rio
Por: Eliano Silva
Em 1985 o Brasil cantou mais alto,
o dia nasceu feliz. Era ano de quebra de correntes,
de fim da Ditadura Militar que assombrava o país desde 1964. Findava um modo de
governo antidemocrático, que prendeu, castigou, torturou e matou todos os que
expressaram suas opiniões e pensamentos contra o regime. Artistas, jornalistas,
estudantes etc. foram mortos ou exilados. Mas disso, todos já sabem. De modo que
o meu interesse é dizer outra coisa: É nesse contexto histórico que ocorreu o
primeiro festival musical/cultural conhecido como Rock in Rio, Rock and Roll no
Rio de Janeiro (que posteriormente seria exportado para outros países), um evento que contribuiu para a consolidação do rock nacional e
estreou no Brasil grandes shows de bandas internacionais como AC DC, AC/DC,
Iron Maiden, Ozzy Osbourne, Queen etc.
Esses dois fatos se interligam no momento em que
a voz do povo foi representada pelas vozes roucas dos cantores e as guitarras
distorcidas que ecoavam na “Cidade do Rock”. O Povo queria votar de novo nos
seus representantes, um ano antes, foi à rua gritar Diretas já e em 85 teria
sua liberdade de expressão de volta. Queriam “Um novo tempo apesar dos
castigos”.
O Rock in Rio desse ano teve essa
carga ideológica além de tudo. Foi uma festa em que se comemorou o fim da fiscalização
de pensamento.
Com isso, SIM, o primeiro Rock in
Rio, trata-se de um fato histórico importante e de natureza ROQUEIRA. Com o
passar do tempo, o evento foi se adequando às tendências musicais que havia em
cada ano de sua realização, acrescentando e agregando novos estilos a ponto de
hoje se discutir a legitimidade de seu nome. Nas edições seguintes àquela da
transição política brasileira, se apresentaram artistas pop que, uma boa parte
do publicou estranhou e estranha. Isso é fato: O Rock in Rio não se trata de um
evento apenas de rock, mas um dia, foi.
Os mais desinformados (porque um
pouco de informação para quem se acha intelectual é mais prejudicial do que
conhecimento nenhum para os ignorantes) irão dizer, que desde a primeira edição
o Rock in Rio não teve apresentações exclusivamente de rock, alegando que
artistas como Gilberto Gil, Moraes Moreira, Lulu Santos, Ivan Lins e Ney
Matogrosso, participaram. Esquecem que rock and roll é antes de tudo, atitude. E
Atitude esses artistas tinham de sobra.
Gil é um camaleão da música
brasileira, e seu show em 85 teve mais rock and roll do que nunca. O mesmo se
aplica aos demais artistas que hoje são descartados quando se fala em rock,
visto que tocam MPB à base de instrumentos menos barulhentos do que guitarras nervosas,
mas lembrem-se: há 28 anos, esses caras eram jovens e a juventude queria fazer
barulho, muito barulho mesmo. E fizeram. Tocaram rock.
A verdade é que o evento se transformou
num investimento milionário e o retorno financeiro depende dos shows musicais
que estão na moda. Por isso a crise de identidade. No mais, apesar da paráfrase
“rock in rio”, o que ocorre é “pop in rio”, Música comercial no Rio de Janeiro.
A seguir, algumas apresentações do Rock in Rio em 1985. Quem achar que isso não é rock, precisa ter umas aulinhas sobre música.
"O segurança me pediu o crachá
Eu disse: nada de crachá, meu chapa
Sou um escrachado".
"No novo tempo, apesar dos perigos
Da força mais bruta, da noite que assusta, estamos na luta".
Da força mais bruta, da noite que assusta, estamos na luta".
"Deus Salve a América do Sul".
08/09/2013
O Quarto
É preciso conhecer cada detalhe do nosso quarto. Cama, telhado, porta e retrato. Cada poeira sobre outra poeira na cabeceira pescando peixe do livro empoeirado. Um quarto pode ser poesia, artéria, um olho que olha um corpo, obra de arte. Um quarto pode ser um lago, largo, calmo e profundo, processo, vida em rascunho. De tudo um pouco para tudo isso, uma janela curvada da parede para alma, assombro, incursão, labirinto, um mundo
iniciático.
(Claudio Castoriadis)
01/09/2013
Bagunça
Te mostro meus manuscritos,
Minha caligrafia confusa.
(Adoro seu olhar tentando me entender)
Você reclama da bagunça,
Dos papeis jogados ao chão (amaçados)
Mas foi você que me bagunçou.
Você pergunta:
- O que tanto escreve aí?
- Escrevo-me.
(Eliano Silva)
27/08/2013
Sarau no CAMEAM / UERN
Por: Eliano Silva
Hoje (27/08/13) teve poesia no
campus, não que frequentemente não haja alguém se apresentando nos intervalos
culturais, seja com música, dança, teatro etc., mas hoje tivemos um recital do
melhor modo despojado (no bom sentido do termo) que poderíamos ter, com direito
a imprevistos e tudo mais (por motivos técnicos não houve música, mas onde
faltou em acordes e melodia, transbordou em palavra e aquele tipo de palavra
que constrói).
Poetas e simpatizantes da poesia
deram o ar da graça e empunharam o microfone, contemplando o público com
poesias autorais e de autores consagrados, como Bukowski, Ferreira Gullar,
Edgar Allan Poe, Hilda Hilst etc.
O sarau foi show!
Dentre os poetas e amantes da
poesia, estavam:
Yuri Hícaro , poeta, recitando poesias do seu livro recém publicado, Um canto conforme a noite.
Murilo Costa Oliveira, poeta.
Alex Moura, poeta e companheiro de curso.
Ronaldo Santos, poeta.
Fernanda Fernandes, poetiza.
Adriana Cruz, poetiza.
Taiza Barros, poetiza.
Caroline Pessoa, escritora.
e eu! rsrs
Muitas outras pessoas participaram... e viva a poesia.
26/08/2013
Pseudo
Na Natureza Selvagem |
Veja o menino
Querendo ser Rimbaud,
Walt Whitman, Rousseau.
Veja o menino
Tocando os rocks e blues
Que sobraram dos anos 70.
Veja o menino
É provável que não
Saiba o mínimo que pensa saber,
Mas sabe que “ser” é o x da questão.
Fã de Beatles e cinema americano
Juntou dinheiro pro mochileiro, visitar o túmulo
Do Che, demora horas filosofando
Se contradizendo.
Nos tempos de outrora
Se perdendo em seu próprio templo.
Quem é você?
O que queres?
Quem é você?
O que queres?
O que tem nesse caderno?
O que vais fazer?
Se não tiveres a atenção
Que queres?
(Eliano Silva)
23/08/2013
Por capricho
Eu escrevo até quando eu quero!
É fácil escrever
Quando você
É bicho solto no mundo,
Quando se é o mais vagabundo que puder.
Mas quando se diz
“vou escrever uma poesia”
Pronto, durante todo o dia,
Nenhum risco sequer.
Escrever por querer é complicado,
Escute música, leia livros e nada sairá
além de papel rabiscado.
Há dias que basta vê
Uma pedra no caminho, um passarinho.
E há dias como esse,
Que a falta de inspiração
De oração em oração
Preenche a folha pálida.
É quando não me baixa o poeta,
Que minha alma não se aquieta.
Risco todo o caderno,
Risco todo o caderno,
Subo e desço, vou e venho.
E se não acho as palavras pra rimar no poema,
Acho um poema pra rimar as palavras que tenho.
(Eliano Silva)
20/08/2013
Só eu sei de ti
Entardeceu,
Deu uma chuva fraca,
Como aquela que te fez ficar em casa outro dia.
Te convenci que o melhor era ficar ali,
Vendo os pingos da chuva escorrerem pelas folhas das
plantas.
Quando trovejou, você fechou os olhos.
E eu te abracei,
Só eu sei de ti.
Eu toquei aquela música
Você sorriu e cantou junto.
Vestida com uma camisa minha.
Você dormiu, eu entendi
Que só eu sei de ti.
(Eliano Silva)
09/08/2013
A Morte do Pescador
Por Eliano Silva
Há duas mortes: Uma,
apenas os mais sensíveis percebem; a outra, o cortejo sinaliza até quem se
recusa a saber. Existe a morte que é eterna e a que se morre cotidianamente.
“Jorge já estava
morto ou não?”
A obra foi
lançada em 2008, pela editora Queima
Bucha, porem, somente agora a tive em mãos, quando por um acaso bom, desses
que ocorrem para a nossa sorte, encontrei enquanto organizava os livros do BALE
(Biblioteca Ambulante e Literatura nas Escolas). Li num suspiro, mas a
inquietação dura até o exato momento, em que escrevo esse meu comentário. Sabe aqueles
escritos que lhe dá uma porrada na cara? A
Morte do Pescador é assim.
01/08/2013
Baixe a obra completa de Machado de Assis
Em homenagem ao centenário de morte de Machado de Assis, a biblioteca digital pública do MEC em parceria com o Núcleo de Pesquisa em Informática, Literatura e Linguística (NUPILL) da UFSC, disponibilizou a obra machadiana em pdf e em html grátis e seguro.
29/07/2013
Por que Letras?
Frequentemente me dirigem aquelas velhas indagações “por que você cursa Letras?” e depois “você quer ser professor?”. Essas perguntas são feitas sempre espantosamente, seguidas de um ar pejorativo, com a mesma tonalidade de quem pergunta “você que ser pobre pra sempre?”.
Bem, o espanto é compreensivo, considerando a quantidade de leitura que nós, estudantes de Letras, necessita fazer, que no final da graduação, só nos servirá para garantir uma bagagem de conhecimentos que vai além do que é importante numa sociedade materialista, vai nos proporcionar um senso crítico chato, eu diria, a ponto de não nos satisfazermos com qualquer meia verdade.
É loucura mesmo essa coisa de ter que ficar investigando a Língua, que nada mais é do quê o veículo e a morada do homem. Aliás, língua essa que começamos a entender na escola com os professores, “que são pessoas que não tiveram a competência de ir trabalhar num escritório, anotando recadinhos e foram se dedicar à sociedade através da educação”, pobre destino dos alunos de Letras na visão de quem me pergunta por que eu não tentei vestibular pra algo melhor.
Mesmo assim com essa triste realidade de ter que se dedicar de corpo e mente à busca pelo conhecimento (que não se limita a conhecimento linguístico), ainda existem loucos, como eu, que em meios a tantas opções optou por Letras, por não se encaixar nos modelos de vida metódica, seca e promissora dos “homens de escritórios”, por não conseguir dormir sem ler pelo menos um parágrafo de uma obra literária e querer usar isso a seu favor na sua trajetória acadêmica, e depois transformar seus conhecimentos em ensinamentos que talvez sejam úteis para a sociedade.
Por fim, respondo com um lago sorriso “sim, Curso Letras” e para causar maior inquietação ou dó em quem me pergunta, digo com satisfação “sim, quero ser professor” em seguida, eu, inquieto e com pena, penso “pobre é você com todo esse dinheiro”.
(Eliano Silva)
22/07/2013
A Revolução dos Bichos
Era impossível distinguir, quem era
homem, quem era porco.
“Proletários, uni-vos”, esse era
o pensamento marxista sob qual o velho Major a reuniu numa noite os demais
animais da Granja Solar para uma reunião em que ele falou do seu sonho de ver
os bichos vivendo de maneira igualitária e livre dos maus-tratos do homem.
Segundo o velho porco, era possível libertar-se da exploração humana, bastava
se organizarem em uma revolução, A Revolução dos Bichos.
Os animais daquela granja a
partir de então, compartilharam do mesmo anseio e após a morte de Major,
pequenos atos revoltosos, ainda tímidos, se deram frequentemente até explodir a
revolução. O fazendeiro Jones e sua família foram expulsos e teoricamente os
animais estavam livres para viver com dignidade.
Entretanto, os porcos, em
especial dois jovens barrões, Bola-de-Neve e Napoleão, que se apresentavam como
os mais inteligentes, assumiram a liderança da nova sociedade, e, reforçando a
teoria de quê o poder corrompe o ser, um dos dois porcos que se mostra um tremendo
mau caráter, e faz de tudo para ter o poder total e a partir de então impor aos
demais animais o seu governo totalitário.
A Revolução dos Bichos foi publicada
pós-guerra, em 1945, por George Orwell, pseudônimo de Eric Arthur Blair e
trata-se de uma sátira que atinge em cheio o modelo soviético sob a ditadura Stalinista. É indispensável para total compreensão da obra que seja feita uma
retomada histórica acerca dos fatos protagonizados por Stalin e Trotsky, que
aparecem na trama nas figuras de Napoleão (Stalin) e Bola-de-Neve (Trotsky). E quaisquer
semelhanças entre os acontecimentos reais dessa época e os fatos decorrentes
naquela granja são pura genialidade do escritor que sem desfaçar compara porco
com ditador, cachorros raivosos com soldados, granjas com nações, corvo com
cristianismo e, cavalos, ovelhas, galinhas, burros com a classe proletária.
(Eliano Silva)
17/06/2013
O jingle de uma campanha campanha de caráter capitalista se torna hino dos protestos contra a corrupção.
Ironia se faz com O Rappa. "Vem pra rua" é a música da campanha criada pela FIAT para a Copa das Confederações FIFA 2013, interpretada pelo vocalista da banda O Rappa, Falcão. Entretanto, a mesma é a trilha sonora perfeita para as manifestações (de certa forma, anti-copa) decorrentes em todo o Brasil.
O jingle de uma campanha de caráter capitalista se torna hino dos protestos contra a corrupção.
...Sai de casa, vem pra rua
Pra maior arquibancada do Brasil
Oooo, vem pra rua
Porque a rua é a maior arquibancada do Brasil.
04/03/2013
Vagina
01/03/2013
Libertinagem
O que fazer
E não fazer.
E se fizer,
Por puro prazer.
Que bom ser
O que eu sou
E para isso
Não pedir favor.
Elilson José Batista
13/02/2013
11/02/2013
Vestígios
Tinha vestígios de arte na calmaria.
Tinha o eco do silêncio
a sinfonia da poeira repousando sobre os livros
Tinha a penumbra
Tinha uma garrafa de vinho
um pardal levando gravetos pro seu ninho
Tinha um chambre seu
Tinha Neruda
Tinha Caio Fernando Abreu
Tinha uma lenta cronologia
eu pensei que era tédio
mas era poesia
(Eliano Silva)
09/02/2013
06/02/2013
Soneto Errado
O lento desenho percorrido
do seu viçoso corpo tremente,
balbucia no leito, demente,
balbucia no leito, demente,
indícios do gozo no gemido.
O brilho da pele
descoberta
molhada de suor e saliva,
a língua inquieta, instintiva,
explora-a enquanto lhe desperta.
Com o ritmo incerto do rangir,
o prazer dilata e umedece,
os pelos que se põe eriçados.
A noite se deixa interagir,
como se o amanhã não houvesse,
no tempo e espaço ignorados.
(Eliano Silva)
05/02/2013
04/02/2013
A(mor)vião
Não me acostumo com o avião,
Que faz a gente voar,
Que tira a gente do chão,
Que faz a gente chegar,
Que faz a gente partir,
Na partida, a gente chorar,
Na chegada, a gente sorrir,
Na turbulência, a gente temer,
Ter frio na barriga ao embarcar,
Na queda, a gente morrer,
Ou gravemente se machucar,
O amor é um avião.
(Eliano Silva)
03/02/2013
02/02/2013
26/01/2013
O poeta Antonio Francisco.
Ao lado do poeta Antônio Francisco
Falamos sobre muitas coisas, mais ele do que eu, porque qualquer pessoa se torna monossilábico ao lado de quem tem o dom da contação de estórias como este senhor que planta roça e se locomove de bicicleta e é genial. Dizia ele "A amizade é a chave que abre a porta do castelo onde mora o coração".
Ele ocupa a cadeira de número 15 na Academia Brasileira de Literatura de Cordel, a mesma do saudoso Patativa do Assaré. Tem cerca de 30 folhetos e é autor de obras como: Dez cordéis num cordel só, que já foi abordada em vestibular.
Antônio Francisco disse que larga seus livros pela a casa, ao alcance de todos, e quando lhe perguntam se não tem medo de que alguém os roubem, ele responde que teria o maior prazer em dizer que na sua terra se ler tanto que se rouba livros.
No vídeo a seguir, ele declama: O ataque de Mossoró ao bando de Lampião.
06/01/2013
O casal arrumando a casa
Amor, tô arrumando a casa
Cuida dos gêmeos pra mim
sei fazer aquela comida,
tô prontinha pra casar,
faço tudo direitinho
Que cor serão essas paredes?
que tal se aqui ficar o sofá?
a TV bem alí!
(Eliano Silva)
Walquiria
Fernando Júnior, escritor potiguar http://ffbjr.blogspot.com.br/ |
por Eliano Silva
Conheço Fernando Júnior já faz algum tempo, desde 2008
precisamente. Eu estava no ensino médio, prestes a ter a primeira aula de filosofia
do ano letivo e já estava entediado só
em imaginar o que vinha pela frente, pensava em não assistir a aula, pois
durante toda minha vida escolar percebi que disciplinas como essas (filosofia,
artes...) na maioria das vezes não tiveram seu devido respeito, nem pelos
alunos, muito menos pela escola, e sempre eram ministradas pelos piores
professores, que nada sabiam sobre arte ou filosofia.
Porém, naquela tarde,
eis que surge na sala, um baixinho de cabelos compridos, parecendo mais aluno
do que professor, pedindo silêncio porque ele iria começar a aula. “Essa eu
quero ver (risos)” falei pra mim mesmo.
A aula começou e eu estava comprometido em
observar cada gafe que aquele menino cometesse, seria um prato cheio pra quem
gostava tanto de criticar como eu naquela época. Mas por ironia ou por competência
do jovem professor, eu estava tendo a melhor aula que já tivera até ali e
estava difícil achar motivo para falar mal daquele cara tão entusiasmado e tão
apaixonado por aquilo que fazia. Até então, eu nunca tinha visto alguém com
aquela jovialidade e plena convicção do que dizia, era uma segurança e uma
desenvoltura, que pra mim eram novidades. Em um dado momento, eu desisti de
querer criticar, aliás, eu esqueci, fui tomado por seu talento, inundado pela
paixão com que aquele professor era professor. Desde então, eu soube que Júnior
era uma pessoa iluminada, e merecia atenção de todos acerca de tudo que ele
fizesse.
Agora tenho em mãos
Walquiria. E o que tenho a dizer dessa novela? Poderia resumir em uma palavra:
apaixonante.
Quem me ler poderá achar que eu estou querendo agradar o
autor, considerando a admiração e a amizade que eu o tenho. Mas não. Deveras eu
iniciei a leitura com o detector crítico ativado, o mesmo de há cinco anos no início daquela aula de filosofia,
afim de elaborar uma resenha que que condissesse com o conteúdo da obra em questão. E vejam
só! o filme se repete, em dado momento, eu esqueci que estava lendo, viajei na
leitura, na trama, na cultura cigana, no mundo de Walquiria. Desisti de querer
criticar e li simplesmente e, gostei.
O autor nos leva dos sarais ciganos de noites estreladas e
violões aos boleros nas gafieiras do Rio de Janeiro.
Ao lermos essa obra,
somos levados a refletir sobre um grande dilema: “desfrutar o momento ou cuidar
do amanhã?" até que ponto uma tradição cultural deve ser respeitada e seguida?
Para Fernando Júnior ficou claro, até quando a obediência dessa tradição
não impedirá de sermos felizes. E é através de uma personagem que tem desejos imensos que ele nos diz.
É um livro repleto de intertextualidade, que reforça o que o
autor quer dizer, e torna-o mais dinâmico. A influência de Glória Perez é notável.
O texto é bem escrito, proporcionando uma
leitura gostosa, que pode ser feita de uma vez, tomada em uma só dose. O tempo
que você ficará em silencio refletindo sobre a obra é maior do o que levará para
ler. Júnior foi capaz dessa façanha.
Fazendo minhas as palavras da professora Maria Lúcia Pessoa Sampaio, Valeu a pena ler Walquiria.
Fazendo minhas as palavras da professora Maria Lúcia Pessoa Sampaio, Valeu a pena ler Walquiria.
"A vida é um intervalo finito de duração indefinida[...] O futuro é o tempo que nos resta: finito, porém incerto"
Fernando Figueira Barbosa Júnior
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