07/12/2014
20/11/2014
15/09/2014
Desabafo de uma mulher mal comida
Seu amor puritano
Não te deixa ver a puta
Que há em mim, não me deixa admitir.
Você se nega a me comer,
Com essa história de fazer amor
Quando vamos gozar sem pudor?
Você se nega a me foder
E diz que sou uma dama, que me ama
Que mereço respeito.
E toca tão sem jeito nos meus peitos.
E vai pra rua se orgulhar de mim
Dizer que sou assim
Como uma esposa deve ser.
E eu aqui, presa nesse andor de santa.
Com um amor tão lindo
Que não serve nem pra me fazer gemer.
Pecado é morrer quando ainda se pode respirar.
O amor é um crime passional.
Eu sei! Você é bem melhor com suas amantes,
Minha boceta não é de enfeite.
Dê a elas os diamantes
E a mim, seu pau.
Eliano Silva
07/07/2014
Música para ouvir depois da chuva
Uma dessas canções que a gente faz em um fim de tarde úmido de chuva fraca. A letra curta e a melodia singela cantada em sussurros ao violão, reflete a calmaria do cotidiano que os poetas captam tão sensivelmente e a transformam em arte. Poeta é um tipo de alquimista que converte monotonia em poesia; meninos se banham nos pingos de chuva; senhoras espreitam das janelas; funcionários trabalham ainda; alguns, sentados na sala, assistem TV. Eu? Dedilho violões.
Antes que eu não possa mais cantar vou cantar
até não puder mais.
Eu insisto em ser poeta, meu bem.
Quero escrever mais mil cadernos.
Berrar como se deve,
largar o que não me serve,
morrer só se for de amores.
O vento empurra a janela
e a retina se adapta.
A brisa acalma, meu bem
a alma, acalma.
(Eliano Silva)
Antes que eu não possa mais cantar vou cantar
até não puder mais.
Eu insisto em ser poeta, meu bem.
Quero escrever mais mil cadernos.
Berrar como se deve,
largar o que não me serve,
morrer só se for de amores.
O vento empurra a janela
e a retina se adapta.
A brisa acalma, meu bem
a alma, acalma.
(Eliano Silva)
04/07/2014
14/06/2014
Pedagogia do discriminado
A gente precisa
marginalizar a educação
pra educar o marginal.
Literatura nas favelas
em vez de policial.
Assaltar à mão armada com poesia
em tudo que é beco e viela
até viciar cada criança dia após dia.
A gente precisa
poetizar a monotonia
e "monotizar" a poesia.
Crime?
Só o de subversão.
Paz?
Só depois da confusão.
Que ao revistarem nossas mochilas
somente livros venham ao chão.
E pela primeira vez nossas armas
as deles abaterão.
Que as prisões venham à falência,
que a violência seja no sarau.
Que a turma da boca
abra a boca
e rasgue o verbo
com a língua de punhal.
Que o menino franzino
e preto cause medo
pelo perigo que é transportar
no bolso do calção desbotado
algum verso clandestino
num papel amassado.
A gente precisa
tirar a escola das salas de aulas
e fazer de sala de aula qualquer calçada.
Que a pele queimada
pelo sol quente
do menino sem camisa
possa ser sua farda
e que a única exigência
seja seu riso gratuito.
Mãos pra o alto.
Calma, leitor.
Isso não é um assalto.
É apenas um aluno
com dúvida no assunto
perguntando ao professor.
(Eliano Silva)
15/04/2014
13/04/2014
10/04/2014
Na beira de água nova
Chuvas de verão
aqui pra nós é inverno.
Sapinhos que vêm do açude
pulam direto pra esse caderno.
(Eliano Silva)
02/04/2014
Sem dores, sem cores
A poesia está crua ainda.
Não passa de um amontoado
de frases a esmo.
Pode ser que não sejam
inteiramente maus os seus versos,
mas guarde-os no bolso.
A poesia tem que ter
marcas da sua última surra.
Um poeta sem dores
escreve sem paixão.
A poesia não é hobby nem profissão.
É um parto.
É a condição.
(Eliano Silva)
31/03/2014
28/03/2014
23/03/2014
...
Quando fui poética
só me era estética
o que era dor.
Quando não passei de versos
diversos e prosa
fui retórica retrógrada.
Quando fui silêncio
nada me silenciou
e no branco vácuo empalidecido
fui erupção
num vulcão adormecido.
(Eliano Silva)
08/03/2014
Res(peitos)
...
...
às que apreciam Frédéric Chopin
às que dançam lepo lepo.
...
liberdade libertinagem,
pintura de guerra, maquiagem,
mini saia libertina,
donzela, masculina,
bermuda jeans,
vestido Armani.
...
seios à mostra
da puta,
da que luta,
da que transa,
da que se guarda,
da vândala, da pacífica,
da passista, da rainha
da escola de samba,
da bailarina clássica,
da que dorme em qualquer cama,
da que amamenta o filho,
da que ama.
...
às que carregam o mundo no dorso
às que beijam no ombro.
...
(Eliano Silva)
07/03/2014
SUBVERSOS
São ventos os versos
Subversivos
Que lapido.
São versos despudorados
Como putas e mendigos.
Mentais e estereotipados.
São versos que habitam
Nos subúrbios e cubículos.
São versos que não publico,
Grito.
São versos transeuntes
No transito demente,
Na arquitetura e urbanismo
Cosmopolita.
São versos marginais
Manchados e encardidos
De vermelho sangue
Do bandido em carne viva
Refém das benevolências
Dos que são de bem.
Bendito bom é o não dito.
São versos em português errado.
Objeto dos sociolinguistas.
São sociais sociopáticos.
Saussures e patativas.
São versos pós-modernos,
Antiquados, enquadrados
Em retratos nas paredes
Demolidas.
São demônios indo à missa
No domingo
Nos bolsos dos vestidos
Das mulheres submissas.
São incertos
São insetos
Como pragas nos muros
E calçadas da cidade.
E deixando em apuros
Bons costumes e moralidade
Imoral do caifás nada
Engravatado.
(Eliano Silva)
05/03/2014
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