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29/07/2013

Por que Letras?




Frequentemente me dirigem aquelas velhas indagações “por que você cursa Letras?” e depois “você quer ser professor?”. Essas perguntas são feitas sempre espantosamente, seguidas de um ar pejorativo, com a mesma tonalidade de quem pergunta “você que ser pobre pra sempre?”.

Bem, o espanto é compreensivo, considerando a quantidade de leitura que nós, estudantes de Letras, necessita fazer, que no final da graduação, só nos servirá para garantir uma bagagem de conhecimentos que vai além do que é importante numa sociedade materialista, vai nos proporcionar um senso crítico chato, eu diria, a ponto de não nos satisfazermos com qualquer meia verdade.

É loucura mesmo essa coisa de ter que ficar investigando a Língua, que nada mais é do quê o veículo e a morada do homem. Aliás, língua essa que começamos a entender na escola com os professores, “que são pessoas que não tiveram a competência de ir trabalhar num escritório, anotando recadinhos e foram se dedicar à sociedade através da educação”, pobre destino dos alunos de Letras na visão de quem me pergunta por que eu não tentei vestibular pra algo melhor.


Mesmo assim com essa triste realidade de ter que se dedicar de corpo e mente à busca pelo conhecimento (que não se limita a conhecimento linguístico), ainda existem loucos, como eu, que em meios a tantas opções optou por Letras, por não se encaixar nos modelos de vida metódica, seca e promissora dos “homens de escritórios”, por não conseguir dormir sem ler pelo menos um parágrafo de uma obra literária e querer usar isso a seu favor na sua trajetória acadêmica, e depois transformar seus conhecimentos em ensinamentos que talvez sejam úteis para a sociedade.


Por fim, respondo com um lago sorriso “sim, Curso Letras” e para causar maior inquietação ou dó em quem me pergunta, digo com satisfação “sim, quero ser professor” em seguida, eu, inquieto e com pena, penso “pobre é você com todo esse dinheiro”.


(Eliano Silva)

22/07/2013

A Revolução dos Bichos




Era impossível distinguir, quem era homem, quem era porco.

“Proletários, uni-vos”, esse era o pensamento marxista sob qual o velho Major a reuniu numa noite os demais animais da Granja Solar para uma reunião em que ele falou do seu sonho de ver os bichos vivendo de maneira igualitária e livre dos maus-tratos do homem. Segundo o velho porco, era possível libertar-se da exploração humana, bastava se organizarem em uma revolução, A Revolução dos Bichos.

Os animais daquela granja a partir de então, compartilharam do mesmo anseio e após a morte de Major, pequenos atos revoltosos, ainda tímidos, se deram frequentemente até explodir a revolução. O fazendeiro Jones e sua família foram expulsos e teoricamente os animais estavam livres para viver com dignidade.


Entretanto, os porcos, em especial dois jovens barrões, Bola-de-Neve e Napoleão, que se apresentavam como os mais inteligentes, assumiram a liderança da nova sociedade, e, reforçando a teoria de quê o poder corrompe o ser, um dos dois porcos que se mostra um tremendo mau caráter, e faz de tudo para ter o poder total e a partir de então impor aos demais animais o seu governo totalitário.



A Revolução dos Bichos foi publicada pós-guerra, em 1945, por George Orwell, pseudônimo de Eric Arthur Blair e trata-se de uma sátira que atinge em cheio o modelo soviético sob a ditadura Stalinista. É indispensável para total compreensão da obra que seja feita uma retomada histórica acerca dos fatos protagonizados por Stalin e Trotsky, que aparecem na trama nas figuras de Napoleão (Stalin) e Bola-de-Neve (Trotsky). E quaisquer semelhanças entre os acontecimentos reais dessa época e os fatos decorrentes naquela granja são pura genialidade do escritor que sem desfaçar compara porco com ditador, cachorros raivosos com soldados, granjas com nações, corvo com cristianismo e, cavalos, ovelhas, galinhas, burros com a classe proletária. 

(Eliano Silva)

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