Em 1985 o Brasil cantou mais alto,
o dia nasceu feliz. Era ano de quebra de correntes,
de fim da Ditadura Militar que assombrava o país desde 1964. Findava um modo de
governo antidemocrático, que prendeu, castigou, torturou e matou todos os que
expressaram suas opiniões e pensamentos contra o regime. Artistas, jornalistas,
estudantes etc. foram mortos ou exilados. Mas disso, todos já sabem. De modo que
o meu interesse é dizer outra coisa: É nesse contexto histórico que ocorreu o
primeiro festival musical/cultural conhecido como Rock in Rio, Rock and Roll no
Rio de Janeiro (que posteriormente seria exportado para outros países), um evento que contribuiu para a consolidação do rock nacional e
estreou no Brasil grandes shows de bandas internacionais como AC DC, AC/DC,
Iron Maiden, Ozzy Osbourne, Queen etc.
Esses dois fatos se interligam no momento em que
a voz do povo foi representada pelas vozes roucas dos cantores e as guitarras
distorcidas que ecoavam na “Cidade do Rock”. O Povo queria votar de novo nos
seus representantes, um ano antes, foi à rua gritar Diretas já e em 85 teria
sua liberdade de expressão de volta. Queriam “Um novo tempo apesar dos
castigos”.
O Rock in Rio desse ano teve essa
carga ideológica além de tudo. Foi uma festa em que se comemorou o fim da fiscalização
de pensamento.
Com isso, SIM, o primeiro Rock in
Rio, trata-se de um fato histórico importante e de natureza ROQUEIRA. Com o
passar do tempo, o evento foi se adequando às tendências musicais que havia em
cada ano de sua realização, acrescentando e agregando novos estilos a ponto de
hoje se discutir a legitimidade de seu nome. Nas edições seguintes àquela da
transição política brasileira, se apresentaram artistas pop que, uma boa parte
do publicou estranhou e estranha. Isso é fato: O Rock in Rio não se trata de um
evento apenas de rock, mas um dia, foi.
Os mais desinformados (porque um
pouco de informação para quem se acha intelectual é mais prejudicial do que
conhecimento nenhum para os ignorantes) irão dizer, que desde a primeira edição
o Rock in Rio não teve apresentações exclusivamente de rock, alegando que
artistas como Gilberto Gil, Moraes Moreira, Lulu Santos, Ivan Lins e Ney
Matogrosso, participaram. Esquecem que rock and roll é antes de tudo, atitude. E
Atitude esses artistas tinham de sobra.
Gil é um camaleão da música
brasileira, e seu show em 85 teve mais rock and roll do que nunca. O mesmo se
aplica aos demais artistas que hoje são descartados quando se fala em rock,
visto que tocam MPB à base de instrumentos menos barulhentos do que guitarras nervosas,
mas lembrem-se: há 28 anos, esses caras eram jovens e a juventude queria fazer
barulho, muito barulho mesmo. E fizeram. Tocaram rock.
A verdade é que o evento se transformou
num investimento milionário e o retorno financeiro depende dos shows musicais
que estão na moda. Por isso a crise de identidade. No mais, apesar da paráfrase
“rock in rio”, o que ocorre é “pop in rio”, Música comercial no Rio de Janeiro.
A seguir, algumas apresentações do Rock in Rio em 1985. Quem achar que isso não é rock, precisa ter umas aulinhas sobre música.
"O segurança me pediu o crachá
Eu disse: nada de crachá, meu chapa
Sou um escrachado".
"No novo tempo, apesar dos perigos Da força mais bruta, da noite que assusta, estamos na luta".
É preciso conhecer cada detalhe do nosso quarto. Cama, telhado, porta e retrato. Cada poeira sobre outra poeira na cabeceira pescando peixe do livro empoeirado. Um quarto pode ser poesia, artéria, um olho que olha um corpo, obra de arte. Um quarto pode ser um lago, largo, calmo e profundo, processo, vida em rascunho. De tudo um pouco para tudo isso, uma janela curvada da parede para alma, assombro, incursão, labirinto, um mundo