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18/09/2013

Rock In Rio


Por: Eliano Silva


Em 1985 o Brasil cantou mais alto, o dia nasceu feliz. Era ano de quebra de correntes, de fim da Ditadura Militar que assombrava o país desde 1964. Findava um modo de governo antidemocrático, que prendeu, castigou, torturou e matou todos os que expressaram suas opiniões e pensamentos contra o regime. Artistas, jornalistas, estudantes etc. foram mortos ou exilados. Mas disso, todos já sabem. De modo que o meu interesse é dizer outra coisa: É nesse contexto histórico que ocorreu o primeiro festival musical/cultural conhecido como Rock in Rio, Rock and Roll no Rio de Janeiro (que posteriormente seria exportado para outros países), um evento que contribuiu para a consolidação do rock nacional e estreou no Brasil grandes shows de bandas internacionais como AC DC, AC/DC, Iron Maiden, Ozzy Osbourne, Queen etc.

 Esses dois fatos se interligam no momento em que a voz do povo foi representada pelas vozes roucas dos cantores e as guitarras distorcidas que ecoavam na “Cidade do Rock”. O Povo queria votar de novo nos seus representantes, um ano antes, foi à rua gritar Diretas já e em 85 teria sua liberdade de expressão de volta. Queriam “Um novo tempo apesar dos castigos”.

O Rock in Rio desse ano teve essa carga ideológica além de tudo. Foi uma festa em que se comemorou o fim da fiscalização de pensamento.

Com isso, SIM, o primeiro Rock in Rio, trata-se de um fato histórico importante e de natureza ROQUEIRA. Com o passar do tempo, o evento foi se adequando às tendências musicais que havia em cada ano de sua realização, acrescentando e agregando novos estilos a ponto de hoje se discutir a legitimidade de seu nome. Nas edições seguintes àquela da transição política brasileira, se apresentaram artistas pop que, uma boa parte do publicou estranhou e estranha. Isso é fato: O Rock in Rio não se trata de um evento apenas de rock, mas um dia, foi.

Os mais desinformados (porque um pouco de informação para quem se acha intelectual é mais prejudicial do que conhecimento nenhum para os ignorantes) irão dizer, que desde a primeira edição o Rock in Rio não teve apresentações exclusivamente de rock, alegando que artistas como Gilberto Gil, Moraes Moreira, Lulu Santos, Ivan Lins e Ney Matogrosso, participaram. Esquecem que rock and roll é antes de tudo, atitude. E Atitude esses artistas tinham de sobra.

Gil é um camaleão da música brasileira, e seu show em 85 teve mais rock and roll do que nunca. O mesmo se aplica aos demais artistas que hoje são descartados quando se fala em rock, visto que tocam MPB à base de instrumentos menos barulhentos do que guitarras nervosas, mas lembrem-se: há 28 anos, esses caras eram jovens e a juventude queria fazer barulho, muito barulho mesmo. E fizeram. Tocaram rock.


A verdade é que o evento se transformou num investimento milionário e o retorno financeiro depende dos shows musicais que estão na moda. Por isso a crise de identidade. No mais, apesar da paráfrase “rock in rio”, o que ocorre é “pop in rio”, Música comercial no Rio de Janeiro.


A seguir, algumas apresentações do Rock in Rio em 1985. Quem achar que isso não é rock, precisa ter umas aulinhas  sobre música.


"O segurança me pediu o crachá
Eu disse: nada de crachá, meu chapa 

Sou um escrachado".



"No novo tempo, apesar dos perigos
Da força mais bruta, da noite que assusta, estamos na luta".


"Deus Salve a América do Sul".



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