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11/10/2012

Terra Sonâmbula






Um relato inquietante sobre a insistência de sobreviver numa “terra sonâmbula”, onde os estouros de bombas e tiros se fazem trilha sonora que ecoa por de trás das vozes dos personagens que vagam nesse romance de Mia Couto.
A guerra civil decorrente após a independência do Moçambique em 1975 é o tempo e espaço das narrativas que surge dentro desta obra.
Fui tomado logo nas primeiras páginas. Romance narrado de forma arquitetônica, em quê os personagens contam suas estórias como quem tira um peso das costas e como quem sente a necessidade de deixar ensinamentos para a posterioridade. Uma literatura que dialoga com a realidade de uma forma fantástica e tem o lirismo da África negra, onde a oratória predomina, a escrita do autor nos remete a uma dessas rodas em que um idoso, contador de memórias, transforma em arte a vida longa sofrida e cheia de folclore que levara.



-Não gosto de pretos, Kindzu.
-Como? Então gosta de brancos?
-Também não.
-Já sei: gosta de indianos, gosta da sua raça.
-Não. Eu gosto de homens que não tem raça.

(Mia Couto)


   





(Eliano Silva)           

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