Fernando Júnior, escritor potiguar http://ffbjr.blogspot.com.br/ |
por Eliano Silva
Conheço Fernando Júnior já faz algum tempo, desde 2008
precisamente. Eu estava no ensino médio, prestes a ter a primeira aula de filosofia
do ano letivo e já estava entediado só
em imaginar o que vinha pela frente, pensava em não assistir a aula, pois
durante toda minha vida escolar percebi que disciplinas como essas (filosofia,
artes...) na maioria das vezes não tiveram seu devido respeito, nem pelos
alunos, muito menos pela escola, e sempre eram ministradas pelos piores
professores, que nada sabiam sobre arte ou filosofia.
Porém, naquela tarde,
eis que surge na sala, um baixinho de cabelos compridos, parecendo mais aluno
do que professor, pedindo silêncio porque ele iria começar a aula. “Essa eu
quero ver (risos)” falei pra mim mesmo.
A aula começou e eu estava comprometido em
observar cada gafe que aquele menino cometesse, seria um prato cheio pra quem
gostava tanto de criticar como eu naquela época. Mas por ironia ou por competência
do jovem professor, eu estava tendo a melhor aula que já tivera até ali e
estava difícil achar motivo para falar mal daquele cara tão entusiasmado e tão
apaixonado por aquilo que fazia. Até então, eu nunca tinha visto alguém com
aquela jovialidade e plena convicção do que dizia, era uma segurança e uma
desenvoltura, que pra mim eram novidades. Em um dado momento, eu desisti de
querer criticar, aliás, eu esqueci, fui tomado por seu talento, inundado pela
paixão com que aquele professor era professor. Desde então, eu soube que Júnior
era uma pessoa iluminada, e merecia atenção de todos acerca de tudo que ele
fizesse.
Agora tenho em mãos
Walquiria. E o que tenho a dizer dessa novela? Poderia resumir em uma palavra:
apaixonante.
Quem me ler poderá achar que eu estou querendo agradar o
autor, considerando a admiração e a amizade que eu o tenho. Mas não. Deveras eu
iniciei a leitura com o detector crítico ativado, o mesmo de há cinco anos no início daquela aula de filosofia,
afim de elaborar uma resenha que que condissesse com o conteúdo da obra em questão. E vejam
só! o filme se repete, em dado momento, eu esqueci que estava lendo, viajei na
leitura, na trama, na cultura cigana, no mundo de Walquiria. Desisti de querer
criticar e li simplesmente e, gostei.
O autor nos leva dos sarais ciganos de noites estreladas e
violões aos boleros nas gafieiras do Rio de Janeiro.
Ao lermos essa obra,
somos levados a refletir sobre um grande dilema: “desfrutar o momento ou cuidar
do amanhã?" até que ponto uma tradição cultural deve ser respeitada e seguida?
Para Fernando Júnior ficou claro, até quando a obediência dessa tradição
não impedirá de sermos felizes. E é através de uma personagem que tem desejos imensos que ele nos diz.
É um livro repleto de intertextualidade, que reforça o que o
autor quer dizer, e torna-o mais dinâmico. A influência de Glória Perez é notável.
O texto é bem escrito, proporcionando uma
leitura gostosa, que pode ser feita de uma vez, tomada em uma só dose. O tempo
que você ficará em silencio refletindo sobre a obra é maior do o que levará para
ler. Júnior foi capaz dessa façanha.
Fazendo minhas as palavras da professora Maria Lúcia Pessoa Sampaio, Valeu a pena ler Walquiria.
Fazendo minhas as palavras da professora Maria Lúcia Pessoa Sampaio, Valeu a pena ler Walquiria.
"A vida é um intervalo finito de duração indefinida[...] O futuro é o tempo que nos resta: finito, porém incerto"
Fernando Figueira Barbosa Júnior
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